sábado, 6 de outubro de 2012

Como entender a sua religião e a sua cosmo-visão - Parte 2



Na primeira parte, eu falei sobre as perguntas chaves que toda pessoa precisa responder e que qualquer religião ou cultura precisa oferecer para toda pessoa:

Quem sou eu? De onde eu vim?  
Quem é  ou o que é Deus ? O que da origem e sentido a vida?
Para onde estou indo? Existe um destino para minha viagem?
O que estou fazendo neste mundo? Qual o significado da vida neste mundo?  
Qual é o meu problema e qual é a solução? Por que existe tanto mal neste mundo?
Como eu sei se existe o certo e o errado? Ou nada é errado?
Como eu sei se algo é falso ou verdadeiro? Ou tudo é falso ou ilusão?

Estas são as SETE QUESTÕES que todo ser humano precisa achar as respostas para explicar a vida neste mundo.

As pessoas não tem uma cosmovisão coerente e organizada.

Vimos também que geralmente as pessoas tem uma visão de mundo muito eclética  e desorganizada. Elas passam a ter quase todas as cores e formas das filosofias, frases e pensamento que elas gostam, mesmo que estes contradigam outros aspectos da filosofia de vida da pessoa. Elas aglomeram e juntam as ideias de varias fontes e tentam criar uma visão de mundo que seja coerente e as satisfaz. No entanto ao examinarmos a visão do mundo estas pessoas, descobrimos que as ideias são incompatíveis e contraditórias.    

As perguntas certas podem abrir portas para um ótimo dialogo. Durante a nossa conversa poderemos apontar quais conceito de realidade são incoerentes e onde esta faltando algo na vida da pessoa.

Cosmovisão e religião são sinônimos. No centro de cada cosmovisão ou religião esta o conceito daquilo que a pessoa considera real, ultimo, mais importante, a perspectiva final da nossa existência. Os nossos valores e crenças crescerão a partir da perspectiva da nossa existência.

A grande verdade é que 99% das pessoas nunca pensaram nisso. Elas simplesmente vivem suas vidas e vão se adaptando, mudando conceitos, valores etc conforme as necessidades. Tudo isso é um reflexo da cosmovisão da pessoa. Quem expressou muito bem esta cosmovisão foi o filosofo e pregador RAUL SEIXAS:

“É chato chegar a um objetivo num instante
Eu quero viver nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou”

Sera que o Raul Seixas tinha uma cosmovisão consistente e sem contradições?

Quando começamos a estimular o pensamento critico das pessoas, elas verão que grande parte das suas crenças e dos seus valores não fazem sentido e a falta de claridade dos seus valores se tornam evidentes. 

Toda religião ira tentar responder a estas sete questões. Todo ser humano precisa ter estas questões respondidas para desfrutar de equilíbrio, sossego e paz da alma, da consciência e das emoções. Quando existe dissonância e contradições na nossa cosmovisão então haverá falta de equilíbrio e falta de paz na vida. Por que? Porque uma destas questões sobre a vida ficou sem ter uma boa resposta.

Primeira grande pergunta.
Quem sou EU e de onde eu vim e para onde eu vou?

Na antropologia esta pergunta é classificada como os “mitos de criação, poderes e destino”. O que os antropologistas esta querendo dizer é: “QUAL é a sua EXPLICAÇÃO para a realidade?” Como e de onde a realidade surgiu?

Vamos concentrar na primeira parte da questão: QUEM SOU EU? Toda cultura, religião ou cosmovisão procura dar uma explicação para a EXISTÊNCIA humana. Veremos como as QUATRO prevalentes explicações sobre a realidade são respondidas:

Como um ATEU ou SECULARISTA, HUMANISTA ou NATURALISTA responderia esta pergunta?
Eu sou o produto da evolução. O acaso é DEUS. Eu vim a existência por causa da combinação certa de fatores que o “acaso” juntou. Eu sou o produto da mistura acidental de alguns componentes químicos que se misturaram por acaso. Depois de milhões de anos, esta ameba que nasceu na lama, cresceu, se multiplicou por pura casualidade, se desenvolveu em varias formas de vida, que se evoluíram e depois de um longo processo de evolução, eu virei um macaco e este macaco virou um ser humano. Eu sou o mais avançado animal da cadeia alimentar, mas somente sou um animal como qualquer outro. Sai da lama e para as larvas voltarei. Eu crio a minha própria realidade. Hoje eu vivo para passar a herança genética que eu recebi dos meus antepassados, pois EU SOU DEUS para mim mesmo.

Como um BUDISTA responderia a esta pergunta?
Eu vim a existência através da AVIDIA ou IGNORÂNCIA. Por que “eu existo eu não sou”. Eu não vejo a realidade porque eu sou ignorante sobre a realidade. As minhas ideias ofuscam a minha visão da verdade. Ou seja, o mundo que você ve, na verdade não existe, ele é irreal. A ideia de SER é então inferior, pois o meu objetivo é NÃO SER. A ideia de SER não tem a menor importância, pois o que importa para mim é DEIXAR DE SER, é alcançar o VAZIO (SHUNIATA). A “ignorância” (avidia) da verdadeira natureza da realidade é portanto o que nos impede de experimentar “vazio” (shuniata) como a verdadeira expressão da realidade. O mundo é uma ilusão, e o meu objetivo é me  “despertar da ilusão deste mundo”. O mundo não se originou da criação de nenhum DEUS, mas por causa da nossa ignorância da realidade.

Como um MUÇULMANO responderia a esta pergunta?
Eu sou uma criatura humilde criado a partir de uma NUTFAH, ou seja, na combinação de dois fluidos impuros que se tornou um ser humano. Por isso o ser humano deve ser humilde, pois veio a existência a partir desta mistura humilde que aconteceu por causa da vontade e criação divina. Mas Allah não me criou na sua IMAGEM como os Cristãos ensinam. Eu somente fui criado para ser um SERVO de Allah que o obedece e não o questiona em nada que ele revelou ao seu profeta Mohammed. Eu não sou nem filho ou filha de Allah porque Allah não tem filhos e nada pode ser associado a Ele. Eu surgi por causa do poder criador de Allah e estou aqui somente para ser testado por Ele, esperando que Ele me considerara um servo digno da sua misericórdia e me recompensara com o Paraiso. 

Como um CRISTÃO EVANGÉLICO responderia esta pergunta? 
Eu sou uma criação especial de Deus, um ser eterno que trouxe o universo a existência por causa do amor, desenho, plano e poder. Ele me criou para que eu possa expressar a sua IMAGEM e SEMELHANÇA na minha existência. Deus me criou diferente do resto da criação e dos animais, eu tenho dignidade e significado na vida. Deus o meu criador me fez na sua imagem e semelhança para que eu tenha RELACIONAMENTO com o Criador e CONHEÇA pessoalmente ao meu Criador. Deus me criou para que eu possa experimentar a sua bondade, amor e companhia.

Vocês percebem as diferenças de respostas para a pergunta de QUEM SOU EU neste universo? Qual resposta lhes parece a mais interessante? Qual resposta responde aos anseios do coração humano e que esta mais próximo a realidade ultima?

Lembrem-se que IDEIAS tem consequências, então estas ideias sobre a nossa origem irão afetar muito no nosso comportamento diário.

Consequências da mentalidade (maneira de pensar) para o evolucionista e ateísta:
Eles percebem que ao afirmarem que o ser humano veio do “acaso” saiu da lama e voltara para os “vermes” e que não ha nada na vida além de se reproduzir, estar no topo da cadeia alimentar e morrer (deixar de existir), isso os deixa em um lugar muito baixo e insignificante no universo. A falta de um “legislador” no universo deixa o ateu em uma situação onde tudo se torna permitido e eles não tem razão logica para dizer que algo é certo ou errado. A decadência moral se torna normal. Por esta razão frequentemente alguns tentam JUNTAR a teoria da evolução com a da criação (Evolucionista Teísta) para dar um pouco de dignidade a existência humana.  

Consequências da mentalidade (maneira de pensar) para o Muçulmano:
A ideia de ser adotado por Deus na sua família e de se ter um relacionamento pessoal com o nosso criador e conhece-lo de forma pessoal é HARAM no Islam. No Islam é impossível conhecer a Deus pois ele somente revelou a sua “VONTADE” e não a si mesmo. Allah não pode entrar na esfera humana, ele não pode se relacionar com o ser humano. Tudo o que ele demanda é obediência aos seus profetas e especialmente a Mohammed. O muçulmano é um órfão espiritual. Ele não tem ninguém a quem possa chamar de “PAI” e se relacionar de forma intima. Mohammed teve que tomar o lugar de Deus e os Santos Islâmicos receberam um segundo lugar nos corações dos muçulmanos. Por esta razão, os SUFIS (movimento místico no Islam) quebraram com a tradição Islâmica. Eles procuram “experimentar a presença de Allah” e começaram a adotar uma mistura de praticas bizarras com praticas cristãs nas suas cerimonias. O SUFI não é considerado muçulmano pela maioria das comunidades Islâmicas ao redor do mundo.

Eu vou deixar para vocês me responderem quais são as:

Consequências da mentalidade (maneira de pensar) para o Budista?

e

Consequências da mentalidade (maneira de pensar) para o Cristão?

Um grande abraço
Rafik


3 comentários:

  1. A mentalidade de um budista resulta em uma semi eterna roda de sofrimento, em que as pessoas ficam neste mundo de dor e desespero a fim de "evoluir" ante a vida passada e, assim, escapar dessa roda, mesmo sem qualquer consciência de como fazer isso, já que não se pode evoluir quando não se sabe o quê evoluir, já que o budista não traz nenhum conhecimento de suas vidas passadas.

    Abraço!



    Abraço

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  2. Acredito que a mentalidade budista, leva a uma situação parecida com a do ateu. Se isto que vivemos não é real, então nenhumas das ações que tomamos teria consequencia real. Se tudo é ilusão, então até mesmo a morte seria uma ilusão, nunca teriamos morrido, se não há realidade alguma ao nosso redor, então não há pecado, se não há pecado, não há erro, nem mesmo acerto. Matar, roubar, destruir, nada disso é alguma coisa, pois seriam meras ilusões da nossa ignorância em não ser. ( uma vez vi um ateu falando algo parecido sobre isto também)

    Porém se tudo é nada e nada é tudo, então nada importa, para que se importar em deixar de ser como eles almejam tanto?

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